Já não és mais
A tristeza tocou-te, abraçou-te, namorou-te até se viciar em ti. As velas chegaram ao fim, as roupas romperam-se, a tinta gastou-se e o chá esfriou-se. A escuridão é agora o teu conforto, a lua guia-te e as estrelas parecem perder o brilho a cada lágrima que deixas escapar. As noites bem dormidas desapareceram, as manhãs energéticas acabaram e tu ainda aqui estás. És dona de olheiras impossíveis de disfarçar e de um cabelo naturalmente cheio de nós. A temperatura do teu corpo é incerta, assim como ganhas e perdes vontades a cada batida do relógio. Minutos viraram horas em que involuntariamente decoras cada detalhe do teu quarto. As paredes antigamente azuis são agora o palco de assustadoras imaginações. Sobrevives com um coração cansado e uma mente baralhada. Eras tu, a simpática, a sorridente e a bondosa morena do 4° andar. Já não és mais.